A Neuropsicanálise surgiu da necessidade de se entender a relação entre a fisiologia do sistema nervoso e dos processos mentais.
Apesar de ser uma área científica nova, a Neuropsicanálise tem suas raízes em estudos que começaram há mais de um século. Ela vem de estudos comparativos e associativos de áreas bem distintas - Psicanálise e Neurociências - e tem como proposta um olhar e um tratamento mais amplo para pessoas com distúrbios mentais.
Sigmund Freud, que na época ainda era Neurologista, se deu conta que muitos fenômenos psíquicos não podiam ser explicados por anomalias no encéfalo, pois mesmo com autópsias, não era possível encontrar nada anormal no cérebro de pessoas com distúrbios graves.
Com as limitações de estudos neurofisiológicos da época, Freud passou a focar na observação clínica,
onde podia analisar diretamente pacientes com paralisias físicas, histerias, afasias e outros sintomas que ele entendeu que eram de origem psicológica. Surgiu aí a Psicanálise com sua Metapsicologia.
Alexander Romanovich Luria, pai da Neuropsicologia moderna, também estudava essa relação entre cérebro e as questões psíquicas e concluiu que não haviam áreas do cérebro responsáveis por funções específicas, mas que muitas partes agiam em conjunto para gerar determinados resultados - acabando, assim, com o localizacionismo surgido com as descobertas de Broca e Wernicke.
Em sua prática clínica, na interação com seus pacientes, Freud logo percebeu a existência de forças que se opunham ao trabalho psicanalítico. Essas “forças” eram resistências que não permitiam que muitos conteúdos viessem espontaneamente à consciência. Ele experimentou a Hipnose, a pressão frontal e finalmente chegou à Associação Livre, que até hoje é usada nas clínicas psicanalíticas.
Atualmente, no tratamento de pacientes com problemas neurológicos, é interessante somar a Associação Livre da Psicanálise com o método investigativo neuropsicológico de Luria. Entender as anomalias fisiológicas, bem como a estrutura profunda da mente se tornou o caminho mais efetivo para o tratamento de casos psicopatológicos.
O que eram formas de pensamento tidas como antagônicas, agora andam juntas, dando origem a uma nova abordagem terapêutica: a Neuropsicanálise.
Ana Schmid
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Kaplan-Solms, K.& Solms, M. Clinical studies in neuro-psychoanalysis – Introduction to a depth neuropsychology, London, Karnac Books.2000.
Luria, A.R. Human brain and psychological process, New York: Harper & Row. 1966.
Luria, A.R The working brain: an introduction to neuropsychology. New York: Basic Books. 1973
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